Três da manhã .

Levantei só. Lamentei não ter ficado acordado até as 03:00 da manhã como de costume. A noite passada tinha sido cruel a cada minuto.
As horas se arrastaram com o peso de uma tonelada de elefantes, e os pensamentos doíam na cabeça. Talvez tenha sido os whiskys exageradamente misturados a outras bebidas, ou então o gole de café, que deveria ser amargo.
O resto do dia teve o mesmo efeito da noite anterior, as horas pesavam e passavam lentamente. O único sorriso que esbocei – forçado – foi para escovar os dentes. Eu mal podia pensar em motivos para sorrir ou chorar.
A rotina é culpada de tudo, eu pensei. Mas me dei conta de que ela só aparece quando é convidada. Eu, de certa forma, sempre fui um para raio de rotina. Desde pequeno minha vida foi se programando para percorrer sempre os mesmos lugares e conhecer sempre as mesmas pessoas.
Nunca confiei na sorte ou no destino incerto. Afinal de contas, o destino nada mais é do que a nossa vida escrita por nós, como uma novela, que no meu caso seguiu monótona e chata por vários capítulos.
A sensação de vazio me acompanhou ao longo do dia, da cama para o sofá, do sofá para a cama, e finalmente quando a noite chegou, da cama para o chuveiro.
No banho eu pude sentir toda a dor de cabeça descer pelo ralo com a água gelada. Depois de trinta ou quarenta minutos saí do banheiro enrolado na toalha e me joguei novamente no sofá.
Como a vida de alguém como eu é engraçada, pensei comigo. Quando se quebra a rotina, quebram-se também todos os motivos de tudo que está ao nosso redor.
Olhei para o relógio e eram apenas onze da noite, mas eu já estava com sono. No fundo eu sabia que não conseguiria manter os olhos abertos até ás 03:00 e isso me frustrou.
Então peguei a garrafa de whisky e procurei por outras bebidas na geladeira, e de gole em gole eu podia sentir os pensamentos voltarem a doer.