
Na calada da noite eu ouço melhor, porque apenas ela é capaz de me confortar. Basta um fechar dos olhos para ouvir.
Os bons ventos se encarregam de levar consigo – talvez para Deus, ou simplesmente para qualquer outro lugar nesse mundo – todos os segredos humanos . Apenas na calada da noite, e apenas nela, posso segurar um punhado de vento nas mãos e colocá-lo junto ao ouvido e ouvir os segredos, como uma canção de ninar, daquelas que chamam o sono depressa, porque quem ouve implora repouso .
Todos os dias os ventos dessa noite me trazem uma nova canção, um novo segredo. Os melhores são os das crianças – pois estes são os mais sinceros, onde a alma vem junto com o segredo e acaba servindo de colo, que afaga, que entende .
Quando se chove na calada da noite, as gostas d’água dançam em perfeita sincronia com o vento, formando um imenso concerto celestial. As plantas respiram a vida e esperam o dia, a natureza se revigora e faz viva suas raízes . A paz parece não ter fim. Os ventos, a chuva, os segredos, tudo. Tudo é paz de noite .
Mas ultimamente, na calada da noite, os ventos já não trazem tantos segredos e a chuva já não faz mais espetáculos . O sono parece difícil e inalcançável com o pesar dos olhos .
Isso tudo me faz pensar que talvez, a calada da noite, esteja calada demais .
tanta coisa que se dobra e desdobra na noite
ResponderExcluirtanto vento que se tece neste manto negro
Isso tudo me faz pensar que talvez, a calada da noite, esteja calada demais .
ResponderExcluirsem palvras, eu amei esse texto, muito bom.